Anais 2022

Confira abaixo os resumos dos trabalhos submetidos e aprovados no 4º Simpósio de Esporte e Lazer do ABC.


Comissão Científica

Prof. Ddª  Alessandra Nabeiro Minciotti (USCS)
Prof. Dr. Pedro Paulo Maneschy (UFABC) 
Prof. Ms. Evandro Brandão Secco (SESP-SBC) 



É POSSÍVEL APRENDER EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA?

 

Teresinha Aparecida Medeiros

Universidade Federal do ABC - UFABC

 

O projeto de intervenção é possível aprender Educação em Direitos Humanos nas aulas de Educação Física? “Jogando Juntos com Direitos” apresenta como podemos desenvolver esta temática nas aulas de Educação Física para alunos do ensino fundamental I. Estudos comprovam que é possível aprender Educação em Direitos Humanos nas aulas de Educação Física através da prática de jogos cooperativos. Os jogos cooperativos são envolventes, divertidos, facilitadores da aprendizagem da Educação em Direitos Humanos. A prática dos jogos cooperativos permitiu aos participantes se familiarizarem com os Direitos Humanos e integrarem valores como: cooperação, respeito, imparcialidade, inclusão, respeito diversidade, responsabilidade e aceitação, contidas na Declaração Universal dos Direitos Humanos. O aprendizado da Educação em Direitos Humanos através dos jogos cooperativos melhora a convivência entre os participantes, ensinando os a resolverem conflitos de forma pacífica. Os jogos cooperativos fazem com que os participantes cheguem às aulas de educação física alegres, dispostos, porque sabem do respeito que as atividades vão lhes proporcionar. Criando um clima favorável e de confiança entre os participantes e o professor. Espera se que os Valores dos Direitos Humanos aprendidos nesta prática, tragam mudanças significativas nos participantes, evitando atitudes de exclusão, discriminação e violência.

 

Palavras-chave: Educação Física; Educação em Direitos Humanos; Jogos Cooperativos.

 

REFERÊNCIAS

ABRAHÂO, Sergio Roberto. A relevância dos jogos cooperativos na formação dos professores de educação física. Uma possibilidade paradigmática. UFPR. 2004.

BROTTO, Fabio Otuzi Jogos Cooperativos: O Jogo e o Esporte como um exercício de convivência. 1999.

BROTTO, Fabio Otuzi. Pedagogia da Cooperação. UNESCO. 2013.

DUDH. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Nações Unidas. 1948.

EFAPE. Materiais de Apoio Educação Física. 2022. Disponível em:

EQUITAS. Organização Canadense. Kit de apoio.


 

FUTEBOL UM NOVO OLHAR: O FUTEBOL FEMININO E O PRECONCEITO QUANTO AO GÊNERO NO CONTEXTO ESCOLAR 

Josefa Copertino da Silva

Universidade Federal do ABC - UFABC 

O presente projeto de intervenção apresenta em sua fase inicial de desenvolvimento como valorizar e potencializar a Educação em Direitos Humanos no chão da escola expandindo para a comunidade local, através da aprendizagem e do conhecimento adquirido nas aulas de Eletivas Futebol um novo Olhar. Esse projeto de intervenção está em fase de desenvolvimento nas aulas da disciplina de eletiva. Com estudantes 6° e do 7° Ano do ensino fundamental II da Escola Estadual Clarice Seiko Ikeda Chagas de forma interdisciplinar e interventiva da disciplina de Educação Física, Projeto de Vida, História e Eletiva. Partindo da observação durante as aulas de Educação física onde os meninos não respeitavam as meninas por questões de gênero através da prática esportiva principalmente na prática do futebol, a partir desse levantamento de observação nas atitudes dos meninos me levou a querer explorar a Educação em Direitos Humanos através da aceitação das diferenças nas aulas de eletiva engajando ao Projeto de Vida do estudante. Utilizando uma pesquisa bibliográfica apoiando-se em artigos científicos, PPP (Projeto Político Pedagógico) da escola em questão, Constituição Federal de 1988, PCN da Educação Física, e diversos pesquisadores sobre o assunto. Com a análise dos dados coletados até o presente momento pode-se concluir que o acompanhamento e aplicabilidade da interdisciplinaridade é fundamental para o desenvolvimento dos estudantes em sua integralidade e para implantação da Educação em Direitos Humanos e sua multiplicabilidade na comunidade escolar.

 

Palavras-chave: Educação em Direitos Humanos; Gênero; Futebol.

 

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei de Diretrizes e Base Nacional (LDB) 9394/96, Disponível em: L9394 (planalto.gov.br) acesso em: 16/03/2022.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Física, 1998 disponível em: Fisica (mec.gov.br), acesso em: 30/05/2022

CONSTITUIÇÃO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988: Art. 205 e 208. Disponível em: Constituição da República Federativa do Brasil 1988 | Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, Presidência da República (jusbrasil.com.br) acesso em: 05/06/2022.

JÚNIOR, P. Quando as questões de gênero, sexualidades, masculinidades e raça interrogam as práticas curriculares: um olhar sobre o processo de co/construção das identidades no cotidiano escolar. 2014. 252. Tese (Doutorado) - Faculdade de Educação Programa de Pós-Graduação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - Comentários Gerais dos Comitês de tratados de Direitos Humanos Da ONU, Comitê de Direitos Humanos, comitê de Direitos Econômicos, sociais e culturais. 2018, Versão traduzida do Original em língua inglesa. Disponível em: Comentários Gerais Da ONU | PDF | Direitos humanos | Humano (scribd.com), acesso em: 23/05/2022.

MODULO V. Materiais Didático – Prof. Salomão Barros Ximenes – parte 1, 2017, 1 vídeo (10:45) e 2 vídeos (13:38) Youtube. Publicado pelo canal Curso em Educação em Direitos Humanos UFABC. Disponível em: https://www.youtube.com/playlist?list=PLw5MYDXrMVpenWiNUeaThR6zAzzF1n1D. Acesso em: 14/03/2022.

NICOLETE, J. N. E ALMEIDA, T. S. Novos Olhares Sobre o Papel da Escola Contemporânea Frente à Construção do Gênero e da Sexualidade. Revista de Arte e Humanidade. edição 22. 2022 p.2

SALVINI, L.; JÚNIOR, W., M. Uma história do futebol feminino nas páginas da Revista Placar entre os anos de 1980-1990. Movimento, Porto Alegre, v. 19, n. 01, p. 95-115, 2013. Disponível em: 31644-Texto do artigo-150400-1-10-20130315.pdf, acesso em: 01/06/2022.

VIANA, S., E., A. Futebol: das questões de gênero à prática pedagógica. Revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP, Campinas, v. 6, ed. especial, p. 640-648, 2008. Disponível em: Vista do Futebol: das questões de gênero à prática pedagógica (unicamp.br), acesso em: 20/05/2022.


 

QUANDO E ONDE TERMINA O TRABALHO?

PARA A CRÍTICA DO LAZER NO SÉCULO XXI. 

Bruno Assis de Oliveira; Edson Marcelo Húngaro

Secretaria Municipal de Educação de São Paulo; Universidade de Brasília

 

A tese propôs (1) analisar as determinações socioeconômicas, políticas e culturais que impactam direta ou indiretamente o trabalho, o “tempo livre” e o lazer neste século; (2) examinar parte dos estudos do lazer que se dedicaram a refletir sobre o objeto no capitalismo contemporâneo, sobretudo, produzidos por pesquisadores brasileiros no século XXI; (3) cotejar o resultado do estudo daquelas determinações com o conhecimento produzido, a fim de investigar o ser e o vir a ser do lazer e; (4) refletir sobre o “lugar” do lazer e do “tempo livre” na atualidade da luta socialista. Fundamentado no método materialista histórico-dialético, trata-se de um estudo de natureza teórica, uma abordagem qualitativa que recorre à pesquisa bibliográfica e documental. Problematizando a produção teórica dos pesquisadores brasileiros com maior volume de publicações, reivindica os avanços da crítica marxista do lazer e destaca a importância da teoria do fetichismo da mercadoria e da teoria do valor de Marx para o estudo das relações contraditórias entre trabalho, “tempo livre” e lazer no capitalismo contemporâneo. O acirramento da ofensiva do capital contra o trabalho (ajustes fiscais, contrarreformas, etc.) no Brasil e no mundo é analisado no marco de uma Longa Depressão, de mudanças técnicas e organizacionais que visam preservar a ordem do capital, que converte a pandemia de covid-19 numa catalisadora da expropriação dos trabalhadores neste século. É sistematizado um balanço crítico do lazer no século XXI e de suas perspectivas, que revela os limites das abordagens hegemônicas sobre cultura, subjetividade e a defesa do lazer como política pública, problematizando a condição dos trabalhadores do lazer no país, a forma como têm sido abordadas as “preferências” e “escolhas” do lazer pelos brasileiros e um esboço de proposta para se pensar o lazer num projeto político orientado para a emancipação humana, demonstrando a potência da defesa do tempo livre e do lazer como componentes de um programa de transição, capaz de fazer a ponte entre os problemas da vida cotidiana e o projeto histórico revolucionário socialista.

 

Palavras-chave: Lazer; Trabalho; Tempo livre.

 

REFERÊNCIAS

ALVES, G. O Duplo Negativo do Capital: uma interpretação da crise do capitalismo global. Bauru: Projeto editorial Práxis, 2018.

ANTUNES, R. Trabalho intermitente e uberização do trabalho no limiar da Indústria 4.0. In: Uberização, trabalho digital e Indústria 4.0. Boitempo Editorial. Edição do Kindle. 2020.

BEHRING, E. R. Emancipação, revolução permanente e política social. In: BOSCHETTI, I; SALVADOR, E. S.; TEIXEIRA, R. H. S. Que política social para qual emancipação. Brasília: Abaré Editorial, 2018.

CARCANHOLO, M. D. e MEDEIROS, J. L. Trabalho no capitalismo contemporâneo: pelo fim das teorias do fim do trabalho. Revista Outubro, n. 20, 2012.

HUNGARO, E. M. Trabalho, tempo livre e emancipação humana: os determinantes ontológicos das políticas sociais de lazer. Tese (Doutorado em Educação Física). Faculdade de Educação Física. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2008.

MASCARENHAS, Fernando. Entre o ócio e o negócio: teses acerca da anatomia do lazer. Tese (Doutorado em Educação Física). Faculdade de Educação Física. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 2005.


 

SENSO DE SUSTENTABILIDADE

MEU CORPO, MINHA PRIMEIRA CASA 

Tatiana Zavanella

Prefeitura de Santo André 

O presente relato aborda a unidade significativa de ginástica dentro do componente curricular de educação física do ensino fundamental II, cujo objetivo é descrever a experiência da relação entre os Valores Olímpicos, os Objetivos Gerais da BNCC e a unidade significativa de Ginástica. Tendo como ponto central das discussões e desenvolvimento a consciência de que o corpo é nossa primeira casa, sendo assim refletir sobre a manutenção da nossa própria vida.

 

Palavras-chave: Sustentabilidade; Respeito; Qualidade de Vida.


 

CORPO, DIVERSIDADE, GÊNERO, SEXUALIDADE, RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS, DANÇAS CIRCULARES, DIREITOS HUMANOS E CULTURA DE PAZ NA FORMAÇÃO DOCENTE E EM PROJETOS DE EXTENSÃO E DE CULTURA: EXPERIÊNCIAS NA UFABC E NO ENCONTRO USP-ESCOLA 

Andrea Paula dos Santos Oliveira Kamensky;

Katia Regina Varela Roa; Felipe Magaña Dogue

Universidade Federal do ABC - UFABC

 

Esse trabalho busca o compartilhamento de experiências desenvolvidas sobre as temáticas de corpo, diversidade, gênero, sexualidades, relações étnico-raciais, direitos humanos e cultura de paz a partir das práticas de danças circulares na formação docente e em projetos de extensão e cultura na Universidade Federal do ABC (UFABC) e no Encontro USP-Escola (Universidade de São Paulo - USP). Na UFABC, entre 2015 e 2016, realizamos o Curso de Aperfeiçoamento Gênero e Diversidade na Escola, que desenvolveu as danças circulares na perspectiva da cultura de paz em seus encontros presenciais como parte especial da formação docente no campus São Bernardo do Campo da UFABC e em alguns dos Centros Educacionais Unificados (CEUs) da Prefeitura de São Paulo, parceira do Ministério da Educação (MEC). A partir de 2017 até 2020, com a extinção da política pública federal de formação docente, essas práticas se efetivaram em sucessivas edições de cursos de extensão em Direitos Humanos, Gênero e Diversidades na Escola para formação docente, nos meses de janeiro e julho, no Encontro USP-Escola (ROA et al., 2021), em parceria com a secretaria estadual de Educação de São Paulo. Parte dessas vivências e conhecimentos foi reunida em um livro que apresenta pesquisas, projetos e práticas em torno das danças circulares e suas relações com a Arte-Educação, a Psicologia, a Educação, em especial a Educação Física, no âmbito da formação docente, do desenvolvimento humano e das diversidades culturais. Refletimos sobre as danças circulares como um movimento cultural que oferece práticas corporais, educativas e criativas para construção de uma formação humana integral voltada para o convívio solidário e o aprendizado conjunto em torno da riqueza e da pluralidade cultural dos povos. (KAMENSKY et al., 2016) Além disso, o livro trouxe imagens, documentos históricos das práticas vivenciadas, bem como um conjunto de músicas, vídeos e textos de apoio, criados a partir da demanda de cursistas por estudos, informações e materiais didáticos que subsidiaram novos projetos e práticas de danças circulares na comunidade escolar, com foco nas temáticas dos Direitos Humanos e do combate aos preconceitos em torno do entrecruzamento das questões de gênero e étnico-raciais por meio da interseccionalidade. Durante a pandemia, entre 2020 e 2022, todos esses conteúdos didáticos e experiências em extensão e cultura foram disponibilizados na internet em cursos livres para o Encontro USP-Escola em parceria com a Associação dos Professores das Escolas Públicas (APEP) na Plataforma Digital Plural, abrigada atualmente no SABER ABC (Observatório da Saúde e do Bem Viver do ABC - UFABC), atingindo milhares de pessoas de todo o Brasil. Essas experiências e parcerias continuarão em 2023 na retomada do formato presencial no Encontro USP-Escola, trazendo oportunidade de compartilhar novas experiências sobre engajamento do corpo e existências de novas corporalidades no contexto pós-pandêmico.

 

Palavras-chave: Corpo; Diversidade; Danças Circulares.

 

REFERÊNCIAS

KAMENSKY, A. P. S. O.; MONTEIRO, G.; PESSOA, J. P.; DISKIN, L. (Orgs.) Circularidades: danças circulares e diversidades culturais: educação para uma cultura de paz. 1. ed. São Paulo: Editora Pontocom, 2016.

ROA, K. R. V.; SILVA FILHO; R. N. da; HENRIQUES, V. B. (orgs.)10 Anos de Encontros Universidade-Escola: falando de Educação. São Paulo: Livraria da Física, 2021.


 

A GINÁSTICA PARA TODOS NO ENSINO SUPERIOR:

UMA EXPERIÊNCIA AUTOETNOGRÁFICA. 

Cristiane Vianna Guzzoni; Renata Frasão Matsuo

Universidade Paulista – UNIP

 

Como professoras, inseridas alguns anos no ensino superior de universidades particulares na cidade de São Paulo, temos observado diversos problemas como: turmas superlotadas, locais inadequados para as aulas, módulos que juntam diversas graduações, entre outros. Especialmente na Educação Física (EF), curso de nossa atuação, temos enfrentado, nas turmas iniciais, todos esses problemas, com um agravante: lecionamos disciplinas práticas. Nesse sentido, como educadoras, temos refletido sobre qual nosso papel na formação desses profissionais, e além disso, quais ações pedagógicas tomar quando enfrentamos essa realidade. A disciplina de ginástica no ensino superior tem como finalidade reconhecer a Ginástica Geral (GG) como um conteúdo da EF e também oferecer conhecimentos técnicos científicos a respeito da GG e sua aplicabilidade no mercado de trabalho. Neste sentido, nosso desafio tem sido garantir uma vivência significativa aos nossos alunos, visando a incorporação e a ampliação da utilização deste conteúdo na atuação destes futuros profissionais. A Ginástica para Todos (GPT) é uma ginástica que segundo Stanquevich (2004) se diferencia das demais modalidades gímnicas de competição pelo seu caráter de demonstração e, também, pela amplitude de possibilidades que ela tem e que não limita a participação do praticante. Assim, a metodologia de trabalho deve ser adequada ao grupo, de acordo com suas características e individualidades, além disso, existe a possibilidade de adaptação dos elementos gímnicos, dos materiais e aparelhos utilizados na composição coreográfica, bem como a inclusão de outras referências e experiências culturais. O objetivo desse relato é narrar, por meio de uma experiência vivida e sentida, o processo de construção de conhecimento acerca da GPT com uma turma de ingressantes no curso de EF de uma universidade particular em São Paulo no ano de 2018. Nosso processo investigativo, assim como nosso processo pedagógico, fez uso da autoetnografia proposta pelo professor Norman Denzin (2017; 2016). Autoetnografia é uma forma de investigação cuja experiência pessoal, vivida pela pessoa pesquisadora, norteia as ações para a construção do conhecimento. No nosso caso, o projeto autoetnográfico, foi construído ao longo do processo pedagógico, como uma possibilidade de investigação, mas também como um processo de reflexão e construção de conhecimento das pessoas envolvidas (professoras, educandos e educandas). A autoetnografia propõe um espaço em que histórias pessoais se cruzam com a história presente, em que os contextos biográficos são re-contextualizados no presente político e cultural (DENZIN, 2017).  Há aproximadamente três anos demos início à esse projeto autoetnográfico com as alunas e alunos ingressantes do Curso de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física, desenvolvendo em nossa unidade de ensino um trabalho interdisciplinar, unindo as disciplinas de ginástica geral e ritmo e dança. Nossa experiência com essas pessoas tem nos levado a resultados muito interessantes, não somente com relação à aprendizagem, mas também quanto à receptividade dessa disciplina prática, e principalmente, ao favorecimento de tomadas de decisão, autonomia e empoderamento do grupo. Nossos diários de classe, os registros fotográficos das aulas e as conversas informais dos discentes constituíramse os instrumentos da nossa investigação. Apesar de não sermos antropólogas, o resultado dessa pesquisa é narrar, contando um pouco dessa experiência vivida. Desde o primeiro dia de aula já indicamos aos alunos e alunas nosso objetivo final da disciplina: a construção de uma apresentação de GPT a partir das construções de conhecimento realizadas ao longo do semestre. Como professoras embasadas na concepção pedagógica freireana, nossas propostas diárias são de construções “com”, por meio de tarefas realizadas em grupos. Com uma turma muito grande, e com diferentes expectativas, desenvolver um processo pedagógico construtivista nos facilitou a receptividade e participação das pessoas envolvidas, ocorrendo logo nas primeiras aulas a integração e envolvimento de toda a turma. Cabe aqui salientar, que, mesmo não sendo de conhecimento dos alunos, além da construção coreográfica, também tínhamos como objetivo que eles compreendessem acerca do processo de planejamento das aulas (plano de aula), algo que tínhamos sentido dificuldade em ensinar, visto que a turma é formada por alunos ingressantes. Sendo assim, nosso planejamento partia da ideia de chegarmos juntos ao fim do semestre, à uma concepção autônoma tanto para a elaboração da apresentação, quanto para o planejamento de aulas por parte dos alunos. A cada aula, tarefas eram programadas por nós, para que preparasse a turma afim de atingir nossos objetivos: Tarefas para percepção e conscientização corporal, desenvolvimento rítmico, uso do espaço, acrobacias, uso de aparelhos (oficiais e adaptados), os conceitos e históricos das diferentes ginásticas, e assim por diante. Ao final de cada aula, os alunos tinham que apresentar pequenas “partituras” corporais, contendo as tarefas do dia e agregando as tarefas das aulas vivenciadas nas semanas anteriores. Após as apresentações, diálogos eram traçados para compreensão do processo da aula, bem como para trazer à racionalidade as experiências sentidas. Era comum ouvirmos frases como: “Nunca imaginei que eu seria capaz de fazer algo desse tipo!” ou ainda “Nossa! Não é que nós conseguimos!”. Ao final do semestre, com um tema central “Cultura Popular Brasileira”, nossa proposta no ano de 2018 foi que os grupos buscassem trazer à tona por meio das construções coreográficas a cultura corporal do nosso país. Algumas aulas foram dedicadas para que discutíssemos sobre os temas possíveis e a contextualização no nosso tempo presente. Vale destacar que estávamos vivendo um período de conturbações políticas, sendo evidente que nossas discussões em aula fossem carregadas de construções reflexivas e críticas. Para Norman Denzin este é um dos papéis da autoetnografia, em especial aquela em que ele chama de “autoetnografia performativa” (2016), em que não só se conta a história, mas se vive ela no corpo, artisticamente. Nesse sentido, embasadas pela teoria desse autor, podemos afirmar que nossa construção foi uma autoetnografia performática, uma vez que temáticas reflexivas e concepções coreográficas críticas deram vida à questões como: “quem ganha com a ampliação do funk carioca nas mídias?” “como se dava a cultura durante a escravidão?” “por quê determinados ritmos musicais tocam mais que outros?” “o que é cultura erudita e cultura popular?” Após um semestre de construção, nos dias 29 e 30 de novembro de 2018 aconteceram as apresentações. Logo após, reunimos todas as pessoas para que o diálogo fosse traçado. Um misto de emoção e responsabilidade tomava conta dos nossos alunos e alunas: “estávamos tão nervosas!”, “foi tão rápido!”, “não queria que acabasse!” E nós duas, emocionalmente tocadas, entendemos nosso papel na universidade: formação de pessoas, mais do que de profissionais, pessoas reflexivas e críticas, pessoas que descobrem o seu potencial de fazer, construir e elaborar à partir de suas experiências e também de suas expectativas, pessoas preocupadas com o mundo em que vivemos e preocupadas com a transformação desse mundo.  

 

Palavras-chave: Autoetnografia; Ginástica para Todos; Educação Física.

 

REFERÊNCIAS

DENZIN, Norman K. Autoetnografia interpretativa. Investigacion Cualitativa, v. 2, n. 1, p. 81-90, 2017.

DENZIN, Norman K. Re-leyendo performance, praxis y política. Investigación Cualitativa, v. 1, n. 1, p. 57-78, 2016.

PAOLIELLO, E. Ginástica Geral – experiências e reflexões. São Paulo: Phorte, 2008.

TOLEDO, E.; TSUKAMOTO, M. H. C.; GOUVEIA, C. R. Fundamentos da ginástica geral. In.: NUNOMURA, M.; TSUKAMOTO, M. H. C. Fundamentos das ginásticas. Jundiaí: Fontoura, 2009, 23-50.

STANQUEVISCH, P. Possibilidades do corpo na ginástica geral a partir do discurso dos envolvidos. Dissertação (Mestrado) Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Metodista de Piracicaba – Unimep.


 

LEVANTAMENTO SOBRE A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA ENTRE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS 

Patrícia Fialho Rogério; Beatriz Estavore Sacoman de Oliveira;

Nathália Cristina Fattori; Priscila Reina Siliano da Silva

Centro Universitário Fundação Santo André

 

A prática de atividade física é uma ação promotora de uma série de benefícios para o corpo e mente. Pode-se elencar, entre estes benéficos, a melhora da atividade cardiovascular, respiratória, motora, hormonal, sono e resposta imunológica, além do bem estar mental. A população de estudantes universitários tem, em sua maioria, o tempo de atividades limitado, por conta do trabalho e estudos. Porém, a prática da atividade física é de fundamental importância e pode promover melhora no rendimento do indivíduo. O objetivo do presente trabalho foi questionar estudantes universitários quanto prática de exercícios físicos semanais através de um questionário enviado via Google forms. Resultados: Foram entrevistados 100 estudantes universitários, a maioria da região do ABC. Dentre eles 51% não praticam nenhuma atividade física, e 49% praticam. Dos que praticam, 10% realizam a atividade 1 vez na semana; 12,5% praticam 2 vezes na semana; 22,5% fazem 3 vezes e 22,5% fazem 4 vezes por semana; 17,5% realizam atividade física 5 vezes por semana; 5% 6 vezes na semana e 10% todos os 7 dias da semana. A caminhada e a prática em academia realizando atividades cardiovasculares e musculação foram as modalidades mais citadas. Este trabalho teve como objetivo realizar um levantamento sobre exercícios físicos, porém se percebe que mais da metade da população universitária não pratica nenhuma atividade, sendo que a maioria alega que não tem tempo para as atividades físicas. É importante a criação de projetos para englobar a atividade física como parte do cotidiano das pessoas, inclusive nos ambientes que frequentam como escola, e trabalho. Inserir a prática de atividades esportivas nos hábitos diários é de fundamental importância para a saúde física e mental.

 

Palavras-chave: Atividade Física; Esporte; Universitários.

 


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