Anais 2023

Confira abaixo os resumos dos trabalhos submetidos e aprovados no 5º Simpósio de Esporte e Lazer do ABC.


Comissão Científica

Prof. Ddª  Alessandra Nabeiro Minciotti (USCS)
Prof. Dr. Pedro Paulo Maneschy (UFABC) 
Prof. Ms. Evandro Brandão Secco (SESP-SBC) 


JUDÔ PARA IDOSOS: UM COMBATE AO ETARISMO

 

Soraia André César

Prefeitura de Santo André


Introdução: O contingente populacional de pessoas idosas está aumentando diariamente. Estatísticas demonstram que este fenômeno mundial fará com que a pirâmide populacional se inverta, isto é, o número de pessoas idosas será maior do que o número de crianças em todo o planeta. Este fato levará o Brasil a ser o sexto país com maior número de idosos em 2024. Há necessidade de uma mobilização social para que políticas públicas especificas sejam desenvolvidas assim como adequação na arquitetura das cidades, inclusão digital e a busca de melhores formas de convivência nas famílias na qual conviverá diversas gerações. Temos na legislação um documento, ora denominado Estatuto da Pessoa Idosa, lei 10.741/03 qual define as que tem 60 anos ou mais e nos seus 118 artigos propõem a garantia de direitos específicos para essa faixa-etária. Objetivo: O presente estudo tem por objetivo observar a influência da prática do judô na saúde física, psíquica e emocional no cotidiano de mulheres com 60 anos ou mais. Método: Foram divulgadas as aulas de judô para mulheres frequentadoras do Centro Educacional Santo André (CESA) Parque Erasmo por meio de divulgação em aulas de ginástica para adultos. Incialmente 27 mulheres com idade acima de 60 anos se mostraram interessadas nas aulas que foram denominadas Judoterapia, pois além da iniciação em judô seria um espaço em que as frequentadoras teriam algumas dinâmicas psicoterápicas uma vez que a Sensei também possui graduação em Psicologia. As aulas iniciaram no dia 27/04/2023 tendo a duração de 2 horas com a frequência de 1 vez por semana. Mulheres e com média de 6 participantes por aula. Resultados e discussões: Quando questionadas sobre como estão se sentindo após o início da prática do judô tivemos os seguintes relatos: - "Meu médico me elogiou, disse que os resultados dos exames estão excelentes." - "Tenho mal de Parkinson e isso tem me feito um bem enorme." - "Consigo dormir melhor" -" Deixo toda a minha ansiedade aqui neste lugar." - "Eu gostaria de ter feito antes". - “Eu sei que eu tenho meus limites sei até onde eu posso ir e é horrível quando você não é compreendida e fiquei muito feliz com a sua compreensão gratidão 🙏 muito feliz” Considerações Finais: Concluímos que a idade não é um fator limitador para iniciação Além da melhora na saúde física o judô possui fins terapêuticos que poderão contribuir para o aumento a autoestima e senso de pertencimento. Sendo uma poderosa ferramenta de inclusão social.

 

Palavras-chave: Judô; Idosos; Etarismo.


 

YOGA E A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA: DESAFIOS PARA UMA PRÁTICA HOLÍSTICA

 

Aline Aparecida Savieto

Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP

 

Introdução: O Yoga e práticas similares estão ocupando cada vez mais espaços na sociedade. A área da saúde vem observando e dialogando com este movimento. Para a Educação Física, o termo Práticas Corporais surge como contraponto a compreensões tradicionais e associado com práticas consideradas não esportivas, a exemplo do Yoga. Nas discussões em saúde essas práticas são entendidas a partir da concepção da integralidade e/ou holística. Estudos recentes têm discutido os benefícios do Yoga para saúde, porém, pouco se fala sobre como é realizada a prática, sob quais perspectivas e suas possíveis relações com a atividade física. Objetivo: Analisar as práticas de Yoga ministradas por profissionais de Educação Física do Serviço Social do Comércio no Estado de São Paulo (Sesc SP), identificando os possíveis desafios para o desenvolvimento destas na perspectiva de uma saúde holística. Método: Trata-se de uma pesquisa descritiva, de abordagem qualitativa. A amostra foi composta por 15 profissionais de Educação Física que atuam com Yoga no Sesc SP, instituição que oferece aos frequentadores Práticas Corporais regulares em suas unidades. A coleta de dados foi realizada por meio de formulário e entrevista semiestruturada. A análise foi realizada pelo método da análise de conteúdo. Resultados: Os resultados obtidos demonstram que há desafios, tais como: conflitos no diálogo com as diferentes formações de Yoga, nas compreensões de conceitos, no entendimento da proximidade do Yoga com a Educação Física, entre outros. Conclusão: É potente o Yoga na relação com a Saúde Holística. Pode contribuir para a promoção, prevenção e cuidado da saúde, porém, é necessário aperfeiçoar a formação para atuação profissional neste campo.

 

Palavras-chave: Práticas Corporais; Saúde Holística; Educação Física.

 

 

REFERÊNCIAS

BARBOSA, A. G. A educação holística: enquadramento teórico. Revista Portuguesa de Investigação Educacional, n. 9, p. 7-23

ELIADE, Mircea. Yoga: Imortalidade e liberdade. Tradução Teresa de Barros Velloso; transliteração sânscrita Lia Diskin. São Paulo: Palas Athena, 1996.

LEITE, M.M. Abordagem holística na formação de enfermeiras. 2019. 97 f. Dissertação (Mestrado em Educação nas Profissões da Saúde) - Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação nas Profissões da Saúde, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2019.

PIGGIN, J. What Is Physical Activity? A Holistic Definition for Teachers, Researchers and Policy Makers. 2022.

Relatório de Desenvolvimento Humano Nacional - Movimento é Vida: Atividades Físicas e Esportivas para Todas as Pessoas. Brasília: PNUD, 2017.

TEIXEIRA, E. Reflexões sobre o paradigma holístico e holismo e saúde. Rev.Esc.Enf. USP, v.30, n.2, p. 286-90, ago. 1996

VERGEER, I.; KLEPAC-POGRMILOVIC, B. Diversification of Physical Activities:An Exploration of Provision Characteristics of Holistic MovementPractices in a Large Australian City.Int. J. Environ. Res. Public Health 2021.


 

GINÁSTICA PARA TODOS: DA PRÁTICA ESPORTIVA À VIVÊNCIA SÓCIOAFETIVA DO GRUPO ABARÉ

 

Maria Teresa Bragagnolo Martins

Grupo de Ginástica Abaré

 

O presente relato de experiência pretende compartilhar a prática da GPT desenvolvida por quase 30 anos no Grupo de Ginástica para Todos. Inicialmente essa prática fazia parte das atividades complementares da Graduação na FEFISA- Faculdade de Educação Física de Santo André, denominada Ginástica Geral (GG), no início as aulas aconteciam duas vezes na semana, com duração de 1h30m cada aula, sendo aplicada a fundamentação prática das modalidades gímnicas e dança. A proposta era que ao final do semestre o grupo realizasse uma coreografia que contemplasse todo o conteúdo aprendido, além de explorar as características do grupo, ao final de cada aula era proposto um desafio de elaborar uma sequência ginástica baseada no conteúdo aprendido, além da criação de novos movimentos sempre discutidos, avaliados e realizados em comum acordo com o grupo. Com isso iniciamos um projeto com o objetivo de participar de festivais, seminários, congressos e eventos de GG, em 1995 participamos da X World-Gymnaestrada Mundial em Berlim e nos apaixonamos por essa filosofia que passa a ser denominada de Ginástica para Todos - GPT, a modalidade “se esforça para unir as nações através de um mundo de movimento e atividade física, contribuindo para a saúde, a boa forma e a amizade globais.” FIG 2023. Essa forma de “viver” a ginástica é contagiante e para a vida toda. A partir desse momento o grupo criou uma identidade com característica sociocultural, levando a se aprofundar na pesquisa teórica e prática da cultura nacional. Em 2015 a FEFISA encerra as atividades e o grupo se tornou independente denominado Grupo de Ginástica Abaré, o nome significa amizade em tupi-guarani, é um grupo heterogêneo apaixonado pela GPT. Por se tratar de um relato de experiência o recurso utilizado neste estudo é baseado nos registros de planejamento, vídeos e fotos realizadas nos encontros e apresentações durante quase 30 anos de existência e que pertencem ao acervo pessoal da autora e do grupo. A metodologia foi investigação-ação, pois se observa um conjunto de fases - planejamento, ação, observação, reflexão, avaliação e reformulação de propostas - que se desenvolvem de forma contínua e cíclica. Durante toda a trajetória o grupo manteve alguns elementos do grupo, outros entraram, saíram e voltaram; o que nos mantém próximos e apaixonados pela GPT é exatamente os 5 pilares que caracteriza essa modalidade, que são: fundamentos, saúde e bem estar, diversão, amizade e longevidade.

 

Palavras-chave: Fundamentos da Ginástica; Saúde e Bem Estar; Amizade e Diversão.

 


 

MULHERES EM MOVIMENTO SANKOFA: A SALA DE GINÁSTICA DO PMM COMO ESPAÇO DE REFLEXÃO, VOZ E PROTAGONISMO

 

Bianca Assumpção; Celeste Pastro Botoni; Raphael de Jesus Pinto.

Secretaria de Esporte e Lazer de Diadema

 

Introdução: O Programa Mulheres em Movimento (PMM) se estabeleceu há 34 anos como uma política pública de práticas corporais no campo do lazer, tendo como princípio, para além do exercício físico, propiciar espaços de reflexão e ação nos diversos cenários existentes no município de Diadema, em consonância com temas necessários para um programa que desenvolve trabalho com mulheres. Nesse sentido, as ações são desenvolvidas partindo de 3 eixos estruturantes: gênero, pertencimento de grupo e saúde da mulher. O PMM tem um calendário de eventos que se desdobram ao longo de um ou dois anos a partir de um tema gerador, que no caso de 2022 e 2023, foi o “Sankofa - Reverenciando o passado, movimentando o presente e iluminando o futuro”. Objetivo: Apresentar as ações coletivas e o processo pedagógico de professoras(es) do PMM que versam as relações étnico raciais e gênero a partir do tema gerador Sankofa. Método: Temos por intenção relatar a experiência desenvolvida no PMM a partir do tema gerador sankofa, que surge com a ideia de reconhecer o legado dos diversos povos africanos que são parte importante da constituição do povo brasileiro. Sankofa é um adinkra (ideograma do povo Ashante, atualmente região de Gana e Costa do marfim) que traz a importância de conhecer e honrar o passado para melhorar o presente e construir o futuro. Essa ideia desdobrou-se em várias ações do calendário de eventos do PMM em 2022 e 2023, trazendo elementos afro diaspóricos existentes na nossa cultura, bem como reflexões sobre o racismo e a marginalização dessas heranças. Estes eventos contemplam um importante espaço de aprofundamento de discussões temáticas, que muitas vezes não cabem nas aulas regulares. São eles: Mês da mulher; Festa Junina; Baile; Encontro e Mostra. Para a apropriação do tema pelas(os) professoras(es) utilizou-se, prioritariamente, as reuniões pedagógicas semanais, onde leituras e discussões se desdobraram em ações coletivas nas salas. Para a apropriação do tema por parte das alunas, utilizou-se diferentes estratégias e linguagens como rodas de conversa, leitura, músicas, filmes, dinâmicas, passeios, programação do encontro, etc. Resultados preliminares: É notável a adesão e participação ativa das alunas nos eventos, rodas de conversa e outras atividades propostas, bem como mudanças de atitude a partir da fomentação dessas reflexões. Considerações Finais: A atualidade e relevância de temas voltados para interseccionalidade e debates antirracistas, potencializam o combate às formas de violência social contra populações historicamente marginalizadas. Levando em consideração a constituição étnica e de gênero das alunas do PMM, se faz necessário apontar caminhos coletivos para a superação do apagamento sociocultural. Tal aspecto é tarefa importante na busca de um programa mais humanizado, e de uma sociedade menos desigual.

 

Palavras-chave: Lazer; Políticas públicas; Étnico-racial; Exercício Físico.

 

REFERÊNCIAS

GONZALEZ, L. Por um feminismo afro-latino-americano. Organização: Flavia Rios e Márcia Lima. Rio de Janeiro: Zahar, 2020.

LOPES, N.; SIMAS, L. A. Filosofias Africanas: uma introdução. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 2020.

NASCIMENTO, E, L.; GÁ, L. C. (org.). Adinkra: sabedoria em símbolos. Rio de Janeiro: Cobogó (2 ed.), 2022.


 

PERCA O MEDO DE NADAR: UMA PROPOSTA DE TRABALHO PARA A APRENDIZAGEM DA NATAÇÃO COM ADULTOS

 

Roseli Ortega Aronchi; Evandro Brandão Secco

Prefeitura de São Bernardo do Campo

 

O Projeto "Perca o Medo de Nadar" corresponde a uma iniciativa da Secretaria de Esportes e Lazer do Município de São Bernardo do Campo, que tem por objetivo, promover a iniciação à aprendizagem da modalidade de natação para pessoas que possuem medo e/ou trauma de entrar na água. A ideia surgiu a partir do levantamento de informações junto à comunidade, e aos diferentes relatos de adultos e idosos que sempre buscaram uma oportunidade de aprendizagem, até então, sem sucesso. Por iniciativa da Professora Roseli Ortega, em conjunto com os professores e estagiários de Educação Física vinculados ao município, elaborou-se uma proposta de trabalho, compreendendo uma metodologia dinâmica e inclusiva, em que o professor vivencia cada momento da aprendizagem junto ao aluno, oferecendo segurança e tranquilidade para a superação do medo. Outro diferencial da proposta, diz respeito à organização do curso, que compreende 10 aulas consecutivas, com duração de 80 minutos, respeitando o tempo de aprendizagem de cada aluno. Desde sua implantação, o projeto já contemplou mais de 500 pessoas, em 20 turmas que ocorrem nos meses de férias, janeiro e julho, e são oferecidas mediante inscrição on-line, pelo portal de cursos esportivos gratuitos oferecidos pelo município.

 

Palavras-chave: Atividade Física; Natação; Promoção da Saúde.


 

CIRCUITO ESPORTE CRIANÇA

 

Tatiane Kosimenko Ferrari Figueiredo; Aline Cristina Brito Bortoletto;

Luciane Pierin

SESC São Caetano

 

O Circuito Esporte Criança é um evento de caráter físico-esportivo, que visa promover e estimular a prática regular de atividade física para crianças a partir de 3 anos de idade. O projeto faz parte da programação do Sesc São Caetano desde 2017. Sua realização conta com o apoio da Prefeitura de São Caetano do Sul e acontece no Espaço Verde Chico Mendes. A construção do circuito é baseada nos fundamentos conceituais do Programa Sesc de Esportes, principalmente na metodologia aplicada à faixa etária de 3 a 6 anos, que busca o desenvolvimento integral da criança a partir do conhecimento do corpo, das atividades rítmicas e expressivas, das atividades gímnicas e das manifestações culturais. O principal objetivo é a exploração das habilidades motoras básicas, como correr, saltar, equilibrar e rolar. Para incorporar os valores e características do Programa Sesc de Esportes para a faixa etária, o circuito possui um formato que busca proporcionar a experimentação de movimentações corporais com diversas possibilidades lúdicas de interação, o que esta prática ainda mais prazerosa e significativa para as crianças. A elaboração da programação que compõe o projeto acontece a partir de uma temática definida em cada edição. Além da linguagem esportiva, outras são inseridas de forma transversal na programação, como o espaço de brincar, o espaço de tecnologias e artes e as intervenções artísticas e musicais. A última edição do projeto (2022) foi inspirada nas corridas e nos esportes de aventura ao ar livre. O tema “brincando de aventuras” buscou relacionar as habilidades como saltar, escalar, correr e arrastar, com a ludicidade das aventuras infantis. Os obstáculos do circuito foram construídos para representar de forma lúdica os espaços de prática dessas habilidades motoras, como uma montanha de gelo, um vulcão, um lago de jacarés e um rio de piranhas. Ainda como parte da programação, na semana anterior à realização do circuito, as crianças participaram de uma oficina de serigrafia e carimbos para construção do seu “uniforme”. No dia do evento, inicialmente, as crianças participaram do circuito por uma divisão de faixas etárias, mas também puderam correr novamente sozinhas ou com a família. Foram realizados dois alongamentos antes do início de cada largada por faixa etária. Estes alongamentos continham brincadeiras e movimentos que “contavam a história” do caminho que seria percorrido pelos obstáculos do circuito. Após a finalização do circuito, cada criança recebeu as peças para construir a sua “medalha” em um espaço reservado e preparado para esta etapa. A programação também contou com uma intervenção musical para a infância e uma intervenção artística que valorizava os movimentos em meio à balões e bolhas de sabão. Além disso, outros espaços seguros para a exploração do movimento e suas possibilidades também estavam presentes no espaço de brincar e no espaço de aventura com rodinhas.

 

Palavras-chave: Criança; Brincar; Lúdico.

 

REFERÊNCIA

SESC - SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO. Documento norteador do Programa Sesc de Esportes. São Paulo: 2019.


 

SAUDE COLETIVA E ATIVIDADES FÍSICAS ESPORTIVAS DENTRO DO CONTEXTO SESC

 

Thiago Villa Lobos Mantovani; Elisabete dos Santos Freire; Daiana Machado dos Santos; Diego Faria de Queiroz; Tatiane Kosimenko Ferrari Figueiredo

Universidade São Judas Tadeu

 

O conceito de saúde é multifacetado e moldado por fatores históricos, sociais e econômicos em diferentes sociedades. A visão contemporânea de saúde baseia-se em uma perspectiva social, na qual a saúde é considerada um direito que resulta das condições sociais. Isso foi enfatizado no relatório final da Conferência Nacional de Saúde de 1986. Dados mostram desigualdades no Índice de Desenvolvimento Humano entre diferentes grupos étnicos e de gênero no Brasil. Além disso, a estrutura social favorece a prática de atividades físicas entre aquelas de classes sociais mais altas. Isso significa que, a recomendação de praticar mais atividades físicas (AFEs) para melhorar a saúde, sem considerar as influências do ambiente, pode levar ao fracasso e à opressão social. A praticas corporais por intermédio dos professores podem desempenhar um papel na promoção da conscientização ao integrar os alunos na cultura corporal de movimento, permitindo uma reflexão sobre os aspectos sociais da saúde ligados à cultura local. A Educação em Saúde do SESC promove a melhoria do bem-estar social e da qualidade de vida dos trabalhadores e de suas comunidades por meio de atividades educacionais em diversas áreas, incluindo cuidados terapêuticos, nutrição e atividades físicas. Eles adotaram uma abordagem abrangente na educação em saúde, passando a entender as influências sociais específicas que impactam a saúde, como estilos de vida e apoio social. Este estudo possui como objetivo compreender uma abordagem pedagógica ampla sobre saúde e avaliar seus efeitos. Isso inclui não apenas conscientizar os alunos, mas também criar projetos de intervenção para reduzir as vulnerabilidades individuais ou locais. Diante do desenvolvimento, implementação e avaliação da pratica pedagógica levantaremos as seguintes questões a serem consideradas: quais são os impactos nas vulnerabilidades locais quando se desenvolve uma abordagem pedagógica para a saúde coletiva e se realiza intervenções para solucionar as vulnerabilidades identificadas? Além disso, como podemos relacionar os conhecimentos desenvolvidos na prática pedagógica com a temática da Saúde Coletiva/Ampliada? Para atingir esses objetivos, serão usados diversos métodos, como gravação da aula, questionários, entrevistas individuais e em grupo e análise de registros escritos dos participantes. Neste estudo, a expectativa é que os alunos demonstrem a capacidade de estabelecer conexões entre as discussões sobre saúde, em uma perspectiva ampla, e a prática de atividade física. Além disso, espera-se que, por meio dos diálogos e da conscientização crítica, ocorram avanços sociais tanto no contexto individual quanto coletivo, bem como nas práticas pedagógicas.

 

Palavras-chave: Educação Física; Saúde Coletiva; Prática pedagógica.

 

REFERÊNCIAS

CARVALHO, F.; CARVALHO, Y. Outros lugares e modos de “ocupação” da educação física na saúde coletiva/saúde pública. Pensar a Prática, v. 21, n. 4, 2018.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

LANKSHEAR, C., KNOBEL, M. Pesquisa pedagógica: do projeto à implementação, Porto Alegre: Artmed, 2008.

MANTOVANI, T. V. L.; MALDONADO, D. T.; FREIRE, E. dos S. A relação entre saúde e educação física escolar: uma revisão integrativa. Movimento, [S. l.], v. 27, p. e27008, 2021.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇOES UNIDAS, Declaração Universal dos Direitos Humanos,1948.

PALMA, A; ESTEVÃO A; BAGRICHEVSKY M. Considerações teóricas acerca das questões relacionadas à promoção da saúde. In: BAGRICHEVSKY, Marcos; PALMA, Alexandre; ESTEVÃO, Adriana. A Saúde em debate na educação física. Blumenau, Edibes, 2003. p.15-32.

PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento; IPEA -Instituto de Pesquisa Econômica e aplicada; Fundação João Pinheiro. Movimento é vida. 2015.


 

20 ANOS DE TAEKWONDO:

6 ANOS DE ENSINAMENTOS 14 ANOS DE REFLEXÕES

 

Khaled Chaaban Abdul Wares

Universidade de São Paulo – USP

 

Iniciei minha prática no Taekwondo em 2003, aos 13 anos. O contato que tive com essa modalidade esportiva foi fundamental no desenvolvimento de habilidades para vida, também conhecida como Life Skills (CIAMPOLINI et al., 2020) Foi um marco em minha vida o vínculo estabelecido com essa arte marcial e prática esportiva, pois foi onde aconteceu o encantamento do encontro. O acesso ao Taekwondo, foi fortalecido com a presença de meu pai que me incentivou na prática. Encontrei no Taekwondo espaço para ser quem eu era durante minha formação. Que adolescente sabe exatamente quem se é nesse processo? Sendo impulsionado às reflexões críticas e assumindo papéis de consciência sobre meu corpo no mundo com a minha vivência no Taekwondo por convivência e estímulo do Grão Mestre Lira, de Diadema/SP. Muitas características minhas foram lapidadas e acentuadas ali. O Taekwondo, carregado de virtudes que são chamados de espírito (Cortesia, Integridade, Perseverança, Autodomínio e Espírito Indomável) (HI, 1987), me ajudou a cristalizar comportamentos harmoniosos que mesclam o bom convívio social com a prática das provocações filosóficas. Esse componente abstrato de valores sociais, foram corporificados e absorvidos pelos meus músculos de maneira que influencia até hoje meu jeito de andar, observar, sentir e perceber o mundo à minha volta. Aprendi desde cedo que é na discordância que é possível pensar de outras formas e que é tendo a possibilidade de debater com pessoas mais inteligentes, que também fico mais inteligente. Essa prática intelectual, reside fundamentalmente na minha formação prática. Pratiquei com frequência até meus 18 anos. Momento em que me formei faixa preta e iniciei a graduação em educação física. Deste então, minha prática foi minguando conforme o peso da responsabilidade em me tornar um jovem adulto aumentava. Os ensinamentos reverberam até os dias atuais em que me encontro com 33 anos. Por vezes, me pego refletindo sobre alguma metáfora ou parábola oriental que meu mestre aduziu em aula, a filosofia vem à superfície em contextos específicos e me ajudam a expandir meu entendimento. Minha caminhada nesse sistema chamado Taekwondo, contribuiu muito para minha formação. Percebo que tive minha juventude potencializada através do esporte, destacando minhas melhores qualidades, talentos e interesses que contribuíram para meu futuro. Melhorou minha capacidade de trabalhar em equipe, aumentou minha capacidade da concentração e tomadas de decisão, alavancou características emocionais e fortaleceu traços psicológicos. Posso dizer que a prática esportiva contribuiu para a minha cultura esportiva, no prazer em praticar atividades físicas, no desenvolvimento de ritmos e habilidades motoras complexas que hoje facilitam a minha transição entre diferentes atividades que demandam do meu corpo. O Taekwondo me ajudou a desenvolver, através da prática esportiva atitudes positivas que consigo transferir para outros contextos da vida.

 

Palavras-chave: Taekwondo; Life Skills; Habilidades para vida.

 

REFERÊNCIAS

CIAMPOLINI, V.; MILISTETD, M.; KRAMERS, S.; DO NASCIMENTO, J. V. What are life skills and how to integrate them within sports in brazil to promote positive youth development? - Review. Journal of Physical Education (Maringa), v. 31, n. 1, p. 1–11, 2020.

HI, G. C. H. Encyclopedia of Tae Kwon-Do - VOLUME I. [s.l.] MMIZOO, 1987. 1–286 p.


 

EFEITO AGUDO DE TRÊS MÉTODOS DE ALONGAMENTO SOBRE O DESEMPENHO DE TESTES ESPECÍFICOS EM ATLETAS DE TAEKWONDO

 

Khaled Chaaban Abdul Wares; Lucas Duarte Tavares

Universidade de São Paulo – USP

 

O Taekwondo é uma arte marcial coreana de cultura filosófica atraente e é popularmente conhecida como esporte de combate, principalmente através das Olimpíadas (JOHNSON, 2016). Neste esporte, o desenvolvimento das capacidades coordenativas, do tempo de reação, da agilidade e da capacidade anaeróbica (KWOK, 2012) são tão importantes quanto da potência muscular e flexibilidade, pois as técnicas necessitam de boa mobilidade articular (KIM; KIM e IM, 2011) e a origem dos golpes partem principalmente dos membros inferiores (ESTEVAN et al., 2011), sendo que a técnica mais utilizada em competições é o bandal tchagui (chute semicircular).(KIM; KIM e IM, 2011; SANTOS et al., 2016). Sabendo que a situação de combate exige certas capacidades e que o alongamento é fundamental para o desenvolvimento da flexibilidade, a escolha do método deve ser cuidadosamente pensada como estratégia de aquecimento antes da luta competitiva, podendo afetar o desempenho da potência muscular (ALEMDAROGLU; KOKLU e KOZ, 2017). Objetivo: Investigar o efeito agudo de três diferentes métodos de alongamento (Passivo, FNP e Balístico) sobre o desempenho em testes específicos (Salto com contramovimento - SCMV, salto em profundidade 40cm - SP40 e frequency speed of kick test - FSKT). Hipótese: O alongamento Balístico será superior comparado aos outros dois métodos. Metodologia: Participaram 18 atletas saudáveis, sexo masculino, com idade 20,5 anos (± 3,1 anos), peso 75,2 kg (± 9,8 kg) e estatura 1,68 m (± 8,6 cm), com experiência competitiva mínima de 3 anos; graduação mínima na arte marcial faixa preta 1º Dan. O estudo teve duração de 6 semanas com 6 sessões: 2 familiarizações, 1 controle, 1 Passivo, 1 FNP e 1 Balístico. Os testes utilizados foram: SCMV, SP40 e o FSKT. Os dados foram apresentados em média e desvio padrão e a significância foi estabelecida em p £ 0,05. Resultados: Os saltos comparados ao controle que sofreram queda de desempenho do SCMV e SP40 e suas variáveis (p < 0,05) foram os que envolveram alongamento Passivo e FNP. Também, verificamos estabilização e aumento de algumas variáveis (p < 0,05) para Balístico. O FSKT sofreu queda de desempenho para Passivo e FNP e aumento para Balístico (p < 0,05). Conclusão: Pode-se concluir que o Balístico é a melhor alternativa como estratégia de aquecimento quando comparado aos outros dois, pois este promove menor queda de desempenho comparado aos outros métodos de alongamento.

 

Palavras-chave: Taekwondo; Alongamento; Potência.

 

REFERÊNCIAS

ALEMDAROGLU, U.; KOKLU, Y.; KOZ, M. The Acute Effect of Different Stretching Methods on Sprint Performance in Taekwondo Practitioners. The JSMPF, v. 57, n. 9, p. 1104–1110, 2017.

ESTEVAN, I.; ÁLVAREZ, O.; FALCO, C.; MOLINA-GARCIA, J.; CASTILLO, I. Impact Force and Time Analysis Influenced by Execution Distance in a Roundhouse Kick to the Head in Taekwondo. JSCR, v. 25, n. 10, p. 2851–2856, 2011.

JOHNSON, J. A. Enhancing Taekwondo Pedagogy through Multiple Intelligence Theory. Ido Movement for Culture-Journal of Martial Arts Anthropology, v. 16, n. 3, p. 57–64, 2016.

KIM, Y. K.; KIM, Y. H.; IM, S. J. Inter-joint Coordination in Producing Kicking Velocity of Taekwondo Kicks. JSSM, v. 10, n. 1, p. 31–38, 2011.

KWOK, H. H. M. Discrepancies in Fighting Strategies Between Taekwondo Medalists and Non-medalists. JHSE, v. 7, n. 4, p. 806–814, 2012.

SANTOS, J. F. S.; HERRERA-VALENZUELA, T.; DA MOTA, G. R.; FRANCHINI, E. Influence of Half-squat Intensity and Volume on the Subsequent Countermovement Jump and Frequency Speed of Kick Test Performance in Taekwondo Athletes. Kinesiology, v. 48, n. 1, p. 95–102, 2016.


 

REFLEXÃO AMPLA SOBRE MINHA PRÁTICA ENQUANTO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA: UM OLHAR SOBRE A DIMENSÃO FILOSÓFICA DO MOVIMENTO HUMANO COMO POSSIBILIDADE PARA O AUTOCONHECIMENTO

 

Khaled Chaaban Abdul Wares

Universidade de São Paulo – USP

 

O movimento humano é o nosso primeiro contato evidente com o mundo real. Ainda no útero, com os sentidos em desenvolvimento, o feto em formação já se mexe. Aqui do lado de fora é dito que “chuta”, apesar de sabido que os movimentos do feto durante a gestação são involuntários (comportamento reflexo) (OZMUN et al., 2013). Contudo, faço licença poética sobre a regência da natureza para ressaltar que dentro do útero, envolto de líquido amniótico, o feto em movimento no meio líquido “nada”. Ainda nos primeiros anos de vida, utilizamos o corpo para explorar o ambiente, nos movimentar e interagir com o espaço e com os objetos à disposição. Em consonância com o tempo, o movimento é executado no presente, sendo cada etapa do movimento realizado durante o momento presente e cada etapa de planejamento mental para direcionar o movimento é um vislumbre do porvir. Neste entremeio, as sensações são provocadas por mecanismos de captura de informação a partir do sistema integrado entre os 5 sentidos (mundo externo) e somestésico (e.g.; propriocepção e interocepção [mundo interno]) em comunicação com o cérebro. Tais mecanismos, por semelhança, nos aproximam dos animais “irracionais”, contudo, a capacidade de formatar as sensações em percepção parece nos afastar. Ou seja, a percepção é a capacidade de estruturar as informações de maneira organizada, envolvendo complexos processos de cognição, emoção e memória. Promove a formação de conceitos, interpretação da realidade, entendimento do ambiente e de quem somos através da atribuição de significados (LENT, 2010). A cultura de movimento como objeto da educação física a ser pensada, não se limita ao simbolismo estético da vida cotidiana como o de lavar a louça, um aceno de mão ou subir e descer escadas (LABAN, 1978), mas sim, deve ser pensada como o movimento recrudescente busca responder a algum desafio proposto envolto de uma esfera afetiva e intencional que amplia o repertório motor. É dentro do movimento que o ser humano amplia o entendimento sobre si, percebe sua capacidade e respalda sua autonomia (TANI, 2011). É onde ele literalmente sente e percebe o que significa estar no mundo (STOLZ; THORBURN, 2017). Tal qual Bondía (2002) versa sobre a alteridade das palavras, sendo uma força invisível que atravessa o meio em que estamos inseridos e a nós mesmos, usando da palavra “experiência” como aquilo que expressa o que nos passa, o que nos toca ou o que nos acontece. Em paralelo, da Nóbrega (2008), diz que “O corpo sabe!”. Carregado do ato de existir através do movimento, aprendemos a nos organizar e a atribuir novas interpretações sobre nossa intenção e ação de movimento. Do ponto de vista de quem observa, parece não haver novidades, mas é no campo daquilo que emerge internamente que o movimento sem novidade é renovado ao ganhar um novo significado por quem se movimenta.

 

Palavras-chave: Estesia; Movimento humano; Educação Física.

 

REFERÊNCIAS

BONDÍA, J. L. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. Revista Brasileira de Educação, v. 19, n. Jan/Fev/Mar/Abr, p. 20–28, 2002.

DA NÓBREGA, T. P. Corpo, percepção e conhecimento em Merleau-Ponty. Estudos de Psicologia (Natal), v. 13, n. 2, p. 141–148, 2008.

LABAN, R. Domínio do Movimento. São Paulo: Summus Editorial, 1978.

LENT, R. Cem Bilhões de Neurônios? - Conceitos Fundamentais de Neurociência. Rio de Janeiro: ATHENEU, 2010. 786 p.

OZMUN, J. C.; GALLAHUE, D.; GOODWAY, J. D.; DE SALES, D. R. Compreendendo o Desenvolvimento Motor: Bebês, Crianças, Adolescentes e Adultos. Porto Alegre: AMGH, 2013. 487 p.

STOLZ, S. A.; THORBURN, M. A genealogical analysis of Peter Arnold’s conceptual account of meaning in movement, sport and physical education. Sport, Education and Society, v. 22, n. 3, p. 377–390, 2017.

TANI, G. Leituras em Educação Física: Retratos de Uma Jornada. São Paulo: Phorte Editora, 2011. 440 P.


 

VIVÊNCIA EM PISCINA FUNDA

 

Marcos Yuji Yokoyama; Marcelo Ribeiro dos Santos;

Khaled Chaaban Abdul Wares.

SESC Santo André

 

Vivência em Piscina Funda com alunos dos cursos físico-esportivos do Sesc Santo André No mês de setembro realizamos pelo Sesc Santo André uma ação através do Programa de Práticas Aquáticas para alunos dos cursos físico-esportivos, em parceria com a prefeitura de Santo André, na piscina olímpica do Complexo Esportivo Pedro Dell Antônia com profundidade de 2,20m. As piscinas do Sesc Santo André variam entre 1,10m e 1,20m de profundidade, ou seja, mais segura na perspectiva da preservação da vida, reduzindo o risco de afogamentos, justamente porque são utilizadas tanto para cursos quanto para o lazer do público comerciário. A maioria dos alunos dos cursos de Condicionamento Físico Aquático, Práticas Aquáticas e outros, nunca vivenciaram o nado em uma piscina funda e tiveram a sensação de estar numa piscina que não “dê pé”. A atividade foi desenvolvida com o intuito de ampliar a percepção sobre o corpo na água, sobre as propriedades da flutuação, de maneira segura, descontraída, desenvolvendo outras possibilidades do meio líquido, como assistir a uma apresentação de nado sincronizado do Instituto Inspira e vivenciar as técnicas de flutuação utilizada nesta forma de nado. O público foi diverso, com crianças de 6 anos de idade até idosos. Desde o início, os alunos realizavam exercícios que ensinamos em aula, mas adquiriam uma outra percepção ao mudar o ambiente. Como se fosse uma fase de maturação do desenvolvimento individual à medida que percebiam os novos ajustes corporais dentro da piscina funda. Podemos traçar um paralelo com o conceito de Letramento Corporal, desenvolvida pela (WHITEHEAD et al., 2019) que consiste no desenvolvimento de recursos que ampliem a noção de corporeidade e contribuam para o desenvolvimento motor, físico, cognitivo e emocional. Neste sentido, a atividade teve como objetivo promover a experiência inédita, desafiadora e prazerosa. O ser humano que visa atingir o suprassumo do movimento, deve buscar a sequência dos movimentos implicados no contexto da tarefa, tal qual utilizamos palavras para dar sentido a uma oração. O movimento isolado corresponderia às letras soltas que não formam nenhuma palavra, inevitavelmente sem sentido e incompleto (LABAN, 1978).

 

Palavras-chave: Piscina; Sesc; Funda.

 

REFERÊNCIAS

LABAN, R. Domínio do Movimento. São Paulo: Summus Editorial, 1978.

WHITEHEAD, M.; SILVA, L. P.; DANTAS, L. E. P. B. T.; DE JESUS MANOEL, E. Letramento Corporal: Atividades Físicas e Esportivas para Toda a Vida. Porto Alegre: Penso Editora, 2019. 1–236 p.


 

NA ROTA DO PEDAL

PROJETO DE INCENTIVO AO USO DA BICICLETA

 

Pedro Antonio Momezo; Khaled Chaaban Abdul Wares

SESC Santo André

 

Na Rota do Pedal do Sesc Santo André: projeto que incentiva o uso da bicicleta. No mês de setembro realizamos pelo Sesc Santo André uma ação através do Projeto Na Rota do Pedal com destino a cidade de Ribeirão Pires. É sempre surpreendente organizar essa ação por se tratar de um grupo não vinculado ao Sesc, estruturado como um curso regular, como é o caso de outros programas esportivos que desenvolvemos na unidade. Divulgamos o evento nas redes sociais e entre os frequentadores da unidade. Inscrevemos os interessados e geralmente, este grupo de pessoas é muito heterogêneo, com diferentes experiências, perfis, condicionamento físico e de diferentes regiões. Realizamos a ação no campo da educação não-formal, com orientações sobre o pedalar, como andar em grupo, cuidados que devemos adotar em determinados momentos, respeito à legislação de trânsito, como se comunicar estando na bicicleta e como sinalizar para o grupo e para outros veículos automotores que dividem espaço conosco. Como se fossemos uma orquestra, o maestro guia o pelotão de ciclistas e o último faz a vez da batuta dando o tom da afinação para o grupo. No percurso ocorrem as trocas sobre diversos assuntos. Desde experiências passadas com passeios ou viagens de bicicletas, até cursos de fotografia, culinária. Todo mundo tem um pouco para dizer e compartilhar, trocando com os pares durante o pedal ou fazendo alguma colocação nas paradas em que verificamos o estado geral do grupo, antes de prosseguirmos até o nosso destino. É perceptível que no início do passeio estamos todos buscando entender este grupo, nos organizando no espaço, identificando o ritmo, buscando seu próprio lugar de pedalar, se redimensionando entre a segurança de pedalar em grupo e do risco de pedalar entre os carros, em malhas viárias que não são pensadas para as bicicletas. Em determinados trechos que são mais tensos, sempre tem alguém com um pouco mais de experiência para tranquilizar ou auxiliar na solução de um problema identificado. O estado de vulnerabilidade traz para o grupo uma energia de cautela e solidariedade. A forma com que conduzimos enquanto profissionais de uma instituição de educação não-formal, também ajuda a sintonizar os ânimos e a moldar o ritmo do grupo que se respeita num consenso coletivo. Algumas coisas fogem do campo do conhecimento e caem no campo do saber. Uma delas é o caso quando tratamos de corporeidade, de movimento, de manipulação de objetos que dinamizam a vida, como é o caso da bicicleta impulsionada por músculos. Wulf e Baitello (2019), distinguem o conhecimento como um instrumento útil e manipulável que pode ser ensinado, tal qual a utilização de uma chave de fenda, enquanto a sabedoria é produto do abstrato da experiência individualizada e não instrumentalizada, apesar da possibilidade de compartilhamento, cada experiência é única e se acumula em forma de sabedoria.

 

Palavras-chave: Bicicleta; Movimento; Grupo; Energia.


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